1 de fevereiro de 1908 –
Regicídio de D. Carlos e D. Luís Filipe na “Ilustração Portuguesa.”
Regicídio - 1 de
fevereiro de 1908.
Ensina RTP
“Apontamentos indispensáveis se eu morrer.”
É desta forma que Manuel dos Reis Buiça, o regicida que mataria
o rei D.
Carlos com um tiro de carabina na nuca, inicia o seu testamento. Estava-se no
dia 28 de janeiro de 1908, ou seja a quatro dias do atentado mortal contra a
mais alta figura da realeza portuguesa. O facto da assinatura do testamento de
Buiça ter ocorrido no mesmo dia da tentativa de derrubar o governo ditatorial
de João Franco (Golpe do Elevador da Biblioteca) dificilmente se trata de uma
coincidência. Provavelmente, o regicida previra a possibilidade de poder vir a
morrer no decorrer do golpe e tentara salvaguardar, se não o futuro financeiro
dos seus dois filhos, pelo menos o legado do seu nome. Pode ler-se no testamento
«... ficaram-me de minha mulher dois filhos a saber: Elvira que nasceu em 19 de
dezembro de 1900, na rua de Santa Martha numero... rez do chão e que não está
ainda baptisada nem registada civilmente por motivos contrarios da minha
vontade; e Manuel que nasceu em 12 de Setembro de 1907 nas Escadinhas da
Mouraria numero quatro, quarto andar, esquerdo». Como o próprio pai menciona no
seu testamento, Elvira e o pequeno Manuel viviam consigo e com a avó materna
nas Escadinhas da Mouraria. A mulher de Buiça, D. Hermínia Augusta da Costa
Buiça, filha de um major de cavalaria, havia já falecido. Os restantes membros
da família Buiça viviam em Vinhais, para onde, segundo Manuel dos Reis Buiça,
«se deve participar a minha morte ou o meo desapparecimento caso se deam».
Prevendo a sua morte, Buiça afirma ainda no seu testamento que os seus filhos
perderão, em breve, o seu pai. Lamenta ainda o facto dos seus filhos irem ficar
«pobríssimos», já que não «tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o
respeito e compaixão pelos que soffrem». Manuel dos Reis Buiça termina o seu
testamento pedindo que eduquem os seus filhos segundo os «principios de
liberdade, egualdade e fraternidade em que eu comungo...», ou seja, segundo os
princípios republicanos que defendia, «... e por causa das quaes ficarão,
porventura, em breve, orfãos».
No dia 1 de fevereiro de 1908, após o regicídio, Manuel dos Reis Buiça foi morto. Nos meses que se seguiram à sua morte a sua campa, sempre repleta de flores, foi visitada por muitos republicanos, tendo sido aberta uma subscrição pública destinada a auxiliar financeiramente os filhos que deixara órfãos.
No dia 1 de fevereiro de 1908, após o regicídio, Manuel dos Reis Buiça foi morto. Nos meses que se seguiram à sua morte a sua campa, sempre repleta de flores, foi visitada por muitos republicanos, tendo sido aberta uma subscrição pública destinada a auxiliar financeiramente os filhos que deixara órfãos.
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